quarta-feira, 30 de julho de 2008

Pobre Desgraçado

Os raios de sol a desafiar, a água amena, tempo livre até chateia, lá estava o pobre desprezível e obeso. Tomava duche nas águas poluídas.

Na bagagem, que não existia, trazia o champô de marca lava a alma, para esquecer os esquecimentos, desses esquecimentos que o magoam toda a vida, o de ser diferente, sim porque se tinham esquecido de o trazer ao mundo, perfeito.

A toalha era de pedra, pelo corpo escorriam as gotas do protector solar, o suor. Chegavam meninas de corpos esbeltos, bem torneados, essas sim com bagagem, olhavam ao longe e viam o pobre desgraçado, para elas um monstro, não era o provável rapaz que gostariam de encontrar ali.

Ficavam em compasso de espera indecisas se haveriam de prosseguir em frente na direcção dele.

Decididamente prosseguiram, depois de um recuo, chegaram e faziam, como que para ele fosse, um strip rápido e sem música, tiravam a roupa deixando o corpo semi-despido… ele, depois de banhar as banhas, vestiu as roupas emporcalhadas, t-shirt em cima de t-shirt, e ficou ali, não consegue disfarçar o olhar inconveniente tirando medidas de cima abaixo das beldades que acabaram de chegar.

Começou a notar o estorvo que estava a causar, via nele uma rotunda, onde toda a gente rodopiava em redor para não se aproximarem demasiado.

Depois de uma tarde bem, mal, passada, decididamente regressa a casa murmurando baixinho para os seus amigos, imaginários, subindo a encosta dolorosa da vida de regresso para mais um dia… Pobre desgraçado, sem alma nem pecado, dói ser assim.

1 comentário:

josé manuel faria disse...

Um bom texto e muito bem escrito.