sábado, 11 de outubro de 2008

Foram para Espanha agora não há aqui que cheguem

Já muito foi dito sobre a imigração de portugueses para a vizinha Espanha para aí trabalhar na construção civil.
O argumento, para muita gente, era a falta de trabalho por cá, nunca partilhei da mesma opinião - na minha opinião, as razões que levaram a grande maioria dos trabalhadores para Espanha prendiam-se, e prendem-se, com questões monetárias, os baixos salários que auferem cá não lhes permite outra solução senão partir.
Afastados da família, os trabalhadores, preferem sujeitarem-se às condições precárias e à xenofobia crescente em troca de ordenados mais elevados.
Muito recentemente, uma série de empresas recorreram ao sindicato na tentativa de recrutar pessoal do ramo, onde só uma queria mais de 250 trabalhadores, o próprio sindicato, segundo o JN, está preocupado com a fuga de trabalhadores para Espanha, o que está a deixar as empresas portuguesas com falta de mão de obra.
Atendendo ao pedido das empresas, o sindicato contactou vários associados e nenhum se disponibilizou a regressar.

2 comentários:

Marco Gomes disse...

Isto é um problema estrutural da nossa economia (assente em salários baixos e na precarização do posto de trabalho) com consequências já há muito vistas (emigração).

A quem culpar? Sim, porque tudo tem a sua razão de existir, a culpa (a meu ver) recai sobre o tecido empresarial português. Sim, este mesmo tecido empresarial que por vezes, e não tão poucas vezes, possui menos habilitações que a maioria dos "seus" trabalhadores.

A classe que domina o tecido empresarial português é pouco visionária e prefere o lucro imediato e fácil a apostar na modernização e na rentabilização com a formação dos seus trabalhadores. Não é que preciso de dar exemplos sobre esta situação, contudo, para uma boa fundamentação lembro onde pára o "grosso das ajudas financeiras vindas da UE" para a formação e criação de mais valias para o País?

Contudo, os empresários deste país, tão tementes e relutantes a "arriscar" o seu capital na mão-de-obra especializada e na especialização/estabilização do seu pessoal, são a linha da frente para um retrocesso dos paradigmas económicos. Eles, "visionários", apostam nos baixos salários (há pouco tempo um ex-presidente da Confederação da Indústria Portuguesa defendeu a redução de 30% do salário real português, para o País se tornar mais competitivo!!) e na inconstância do posto de trabalho invés de como outros de outros países apostarem no sentido oposto para se tornarem mais competitivos.

Enfim, mais do que uma questão de economia e de opções é uma questão de mentalidade empresarial e social que é necessário mudar.

Repórter Amador disse...

Sim, é verdade! - Os empresários só apostam mesmo é nos lucros fáceis, e nem mesmo eles tem formação para serem bons empresários. Recebem ajudas da UE para os mais diversos fins e na realidade são, na maioria das vezes, aplicadas camufladamente em coisas que em nada tem a ver com a empresa, mas isso vai acabar e Portugal vai sentir, depois disso, uma crise ainda mais profunda.
O desemprego é um problema que convém a muitas empresas, nomeadamente na construção civil, há uma mentalidade de que, se vai um trabalhador embora virão dois ou três a seguir, por isso não lhes interessa apostar na formação nem em salários mais elevados…