domingo, 31 de maio de 2009

Cruel o mundo em que nós vivemos.

O sucesso repentino e surpreendente da escocesa Susan Boyle mostrou mais que neste planeta só há lugar para os bonitos, perfeitos, saudáveis. As culturas criam padrões de beleza e aqueles que se enquadram em tais padrões saem na frente em tudo, até em ocasiões em que "ser bonito" é o que menos deveria importar.

Dessa forma, criam-se dois mundos: o dos "belos", que fazem qualquer sacrifício para se manterem assim; e o mundo da maioria, dos "feios", dos que não se enquadram no padrão, dos carecas, das gordinhas, dos narigudos, dos baixinhos, das sem peito e das peitudas, dos surdos, mudos, paralíticos, etc.

Mas, de repente, entra no palco do mundo dos "belos e perfeitos" uma mulher velha (para os padrões deles), feia e visivelmente com um ou dois parafusos a menos. E todos riem porque para quem é perfeito, a imperfeição é engraçada. Mas, quando começa a cantar, a beleza da voz daquela mulher surpreende a todos.

Um talento maravilhoso? Uma voz sensacional? Não. O sucesso de Boyle foi apenas devido à surpresa que ela conseguiu causar nas pessoas, porque todo mundo apostava que além de ser velha, feia e piradinha, ela não poderia ter uma bela voz. Como se já não fosse o bastante ser tudo isso, Deus ainda tivesse que castigá-la, desprovendo a feiosa de qualquer talento artístico, reservando-os apenas para os belos e perfeitos. Se Susan fosse uma loira, alta e bonita, não teria jamais feito o sucesso que fez. Correria o risco, inclusive, de passar desapercebida pelo programa. Veja que ironia!

Susan é um exemplo de gente que não se deixa intimidar por esse muro vergonhoso criado para separar a "beleza" do restante. Susan foi no programa de TV, mesmo sendo feia, mesmo sabendo que seria motivo de risos, mas foi porque queria viver seu sonho. E os "tigres", que como diz a música que cantou (I dreamed a dream, do musical Os Miseráveis), chegam à noite para rasgar esperanças em pedaços e transformar sonhos em vergonha, tiveram que aplaudir de pé a beleza que jamais poderiam fabricar numa academia ou num cirurgião plástico.

Ontem, Susan Boyle perdeu a final do programa que estava disputando. Entretanto, já tem contratos assinados para gravar um disco e fazer apresentações pelo Reino Unido e EUA.

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